Bonds of the Skies foi originalmente lançado pela KEMCO como um jogo freemium para Android na Google Play Store em 2016. Talvez pelo foco em mobile e por se tratar de outro público, o título tem uma pegada diferente até mesmo em relação aos indies que buscam resgatar a sensação retrô de JRPGs.
É com essa premissa que iniciaremos mais uma análise. Será que a migração de Bonds of the Skies para consoles e PC vale a pena? A resposta vem agora, aqui, no Jornada Geek!
Um JRPG para viagem
Bonds of the Skies se desenrola em torno de quatro deuses que guardavam os elementos – Ar, Terra, Água e Fogo – e, assim, protegiam o mundo. Mas um destes deuses, chamados Grimoas, sugeriu aos demais que tivessem filhos e compartilhassem seu poder. A proposta não passava de uma manobra para que ele pudesse ser o mais poderoso, atacando-os e deixando-os em letargia. Anos mais tarde, um humano chamado Eil, o protagonista, faz um pacto com um dos deuses dormentes depois de sua cidade ser atacada por demônios.
A busca começa com a crença de que a divindade responsável pelo Fogo seria a responsável por tudo e, a partir daí, segue a estrutura genérica de um JRPG, reunindo amigos para o grupo e vagando pelo mundo na tentativa de restaurá-lo. Serve como um pano de fundo, mas não espere reviravoltas ou grande empatia pelos personagens.
Se as origens de Bonds of the Skies fazem dele um JRPG para mobile e voltado para o público nostálgico pelo estilo dos títulos que dominavam os anos 90, a versão para consoles sente essa decisão e não oferece uma grande jornada. É possível fechar o jogo em aproximadamente 8 horas e, se quiser ir além e terminar com o verdadeiro final, até 10. Provavelmente é possível fechar em menos tempo, pois me dei o preciosismo de farmar bastante. Tudo isso sem gastar nenhum centavo de verdade em pacotes de experiência, itens e coisas do tipo.
Aliás, o game sofre com o ritmo acelerado. A história, já declarada como genérica, não se desenvolve como deveria pois a escrita e os acontecimentos são praticamente empurrados, tocados com a barriga – como abrir uma caixinha de hambúrguer e ver tudo desmontado lá dentro, um produto da pressa.
É fácil perceber a estruturação do game: passe um labirinto, lute contra monstros, chegue na próxima cidade, lute contra monstros ao sair. A cada seção, um pouco de grinding, para upar os personagens, e seguir em frente. A repetição, frequente e excessiva, acontece em função das repentinas escaladas de dificuldade. Numa comparação grosseira, caso tenha jogado qualquer game Pokémon: seria como sair de uma rota para a seguinte e, nesta, os monstrinhos selvagens estão repentinamente entre 10 e 15 níveis acima da anterior.
Aspectos positivos
O gameplay, pelo menos, é bem executado, e apresenta o clássico sistema de turnos de um bom JRPG para Super Nintendo ou Mega Drive. Ao entrar na batalha, a perspectiva assume uma visão em primeira-pessoa, não vemos nossa equipe (exceto pelos retângulos inferiores), no estilo de Phantasy Star. Dá pra perceber que a direção de arte de Bonds of the Skies se esforçou. Os inimigos foram ilustrados com cuidado e possuem boas animações, lembrando games clássicos do gênero, como Breath of Fire 2.
Side quests possuem um jeito interessante de serem obtidas, já que não são dadas pelos diversos NPCs, mas sim por uma estátua comum em todas as cidades, e que funciona como um mural de classificados. As Skills (habilidades) funcionam como em Final Fantasy Tactics Advance: o personagem já possui boa parte delas liberadas, mas pode apenas equipar algumas, e aí entram os fatores estratégia e estilo do jogador.
Por fim, há uma espécie de superataque, chamado Synchro, que sincroniza seu personagem junto à divindade com a qual está equipado à medida que golpes são aplicados e que dano é tomado – uma barra é preenchida durante a batalha e só é eficaz durante aquela batalha, não adianta guardar para as próximas.
Veredito
É impossível não pensar em outra analogia senão que Bonds of the Skies é um tipo de “oferta de bandeja”, como numa rede fast-food. É gritante a execução rápida e visivelmente imperfeita de um jogo que não te faz vibrar, não te prende, mas apenas te “satisfaz”. As pequenas compras de adicionais, algo que é fruto de um projeto freemium, também estão lá. Resta a figura do hambúrguer que, claro, segue padrão, mas você preferiria um igual ao da foto – a nostalgia é a responsável por criar o efeito de associação com títulos melhores dos anos 90. Mas a sensação nem de longe é a mesma de saborear a melhor opção. Talvez a impressão fosse outra se jogado no celular ou no tablet, mas a experiência fica abaixo do esperado em um console.
Bonds of the Skies está disponível para Nintendo Switch, Xbox One e Windows 10, PlayStation 4, PlayStation Vita, PC, via Steam, Nintendo 3DS, Android e iOS. O preço varia de acordo com a plataforma. Não há Metacritic para o game.
*Review elaborado usando a versão de Xbox One do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.