OS OITO ODIADOS | CRÍTICA – OSCAR 2016

Classificação:
Muito bom

Por: Leandro Bazaglia

cartaz-nacional-8-odiados-4Se você estava com saudades de assistir um verdadeiro filme de faroeste, seus problemas acabaram, pois “Os Oito Odiados” vai trazer para você todo o clima, as conspirações, a ação e principalmente a tensão vivida neste mundo cruel onde só os fortes sobrevivem. Mais uma vez Quentin Tarantino inova, trazendo ao público o seu oitavo filme, que como sempre, vai escancarar temas polêmicos que irão mexer com seus nervos.

No filme, Tarantino dá uma aula de direção desde a primeira cena que se caracteriza com uma movimentação de câmera paciente e com uma trilha sonora impactante como sempre. Após isso, são mostrados os primeiros personagens da trama, o primeiro deles é um caçador de recompensas conhecido pelo nome de John “O Carrasco” Hangman(Kurt Russel – Os Aventureiros do Bairro Proibido/ A Prova de Fogo), que leva acorrentada a ele sua prisioneira e futura “recompensa”, uma perigosa criminosa e assassina chamada Daisy Domergue(Jannifer Jason Leigh – Weeds Temporada 8/ Em Carne Viva), que parece não se intimidar com ninguém, mesmo estando presa e sendo levada para sua execução, logo após isso, é apresentado o Major Marquis Warren(Samuel L. Jackson – Vingadores: Era de Ultron/ Django Livre), um ex-comandante militar que se tornou caçador de recompensas após a guerra, e necessita de ajuda para levar suas “recompensas mortas” para o xerife da próxima cidade, pedindo assim uma carona na carruagem de Hangman.

Durante todos esses acontecimentos em uma introdução bem longa, porém cheia de diálogos tensos, é apresentado Chris Mannix “O Xerife”(Walton Goggins – Sons of Anarchy Temporada 5/ Django Livre), que também acaba pegando carona na carruagem de Hangman e dividindo espaço com o Major e a prisioneira. Em um frio congelante a carruagem alugada por Hangman, porém dirigida pelo mexicano Bob(Demian Bichir – The Bridge Temporada 2/ Morte em Buenos Aires), muitos diálogos cheios de tensão e polêmicas são discutidos entre os passageiros, a direção dos diálogos e dos personagens faz com que todos tenham o mesmo nível de importância na trama, fazendo com que você seja apenas um expectador de um apreensivo ringue, sem saber para quem torcer.

A introdução do filme é bem longa, mas em nenhum momento se torna monótona, pois o filme é dividido em capítulos, onde em cada um deles, existem diálogos afiados e detalhes sobre o passado de alguns personagens para que se entenda melhor o contesto da história, narrado por Tarantino, que comenta as reviravoltas que acontecem durante a trama. A fotografia chama muita a atenção por se passar em um clima frio com muita neve e visualmente desconfortante e incômodo.

As provocações feitas em diálogos polêmicos e típicos da realidade social em que vivemos hoje, são abordados durante todo o filme, como posicionamentos de minorias em geral, imigrantes e diferenças de cor e sexo. Em todo este aspecto desconfortante o faroeste se torna extremamente agressivo no ponto em que os integrantes da carruagem de Hangman, chegam no Armazém da Minnie para se abrigarem do frio. Novos personagens entram em cena como Joe Gaje(Michael Madsen – 24 Horas Temporada 8/ Sin City – A Cidade do Pecado), General Sanford Smithers(Bruce Dem – Django Livre/ A Escolhida), e Oswaldo Mobray(Tim Roth – Lie to Me/ O Incrível Hulk), todos eles fazem com que a trama mude seu rumo de forma drástica e intrigante.

Reviravoltas e muitos flashbacks cheio de detalhes se manifestam, e uma narrativa cheia de ousadia e suaves alfinetadas em assuntos polêmicos entram em destaque. A irreverência quase sempre que presente, aparece em cruéis cenas de violência, a presença da cor vermelha entra em destaque com tiros e exageradas explosões corporais cheia de sangue, assim como vimos em Kill Bill, entre outros filmes do mesmo diretor.

Os oito personagens possuem importâncias diferentes na trama, alguns mais aproveitados que outros, porém não menos importantes. Tudo acaba se encaixando e até o final do filme o espectador não sabe o que esperar, pois a imprevisibilidade é uma característica forte do filme, que durante duas horas e quarenta e sete minutos mantém você preso em um clima de tensão e diversas outras sensações, deixando no ar a conclusão dos reais oito odiados.

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