MARVEL – JESSICA JONES 1ª TEMPORADA | CRÍTICA

Classificação:
Excelente

Ninguém pode negar que a Marvel está colhendo bons frutos no seu universo cinematográfico. Há alguns anos ela começou modesta, tentando ganhar também as TV’s com Agents of SHIELD, que a cada temporada alcança um número de fãs ainda maior. Como parecia que ainda não era o bastante, o estúdio decidiu arriscar também juntamente com a Netflix, o maior canal de stream atualmente. Primeiro apostaram em uma nova adaptação para Demolidor (que nos fez esquecer completamente o filme), e agora chegou ao serviço a primeira série da Marvel tendo uma personagem feminina como protagonista, Jessica Jones.

Jessica Jones not2Quando era criança, Jessica sofreu um acidente de carro onde perdeu seus pais e seu irmão. Ao acordar no hospital, a garota descobre que será adotada pela mãe da celebridade mirim Patsy Walker. A garota então logo descobre que além de tirar a sua família, o acidente também lhe concedeu alguns dons, como por exemplo, super força. Anos depois, já adulta, Jessica tenta reconstruir sua vida como detetive particular, após o fim trágico de sua breve carreira de super-heroína. No entanto, Kilgrave, um homem capaz de manipular as pessoas a fazer o que bem entender, está de volta à sua vida, disposto a reconquistá-la. O pior de tudo, é que ele não se importa com que fere pelo caminho.

No post de primeiras impressões (confira aqui) eu comentei sobre os sete primeiro episódios sem muitos detalhes, afinal não poderia dar nenhum grande spoiler. Lá, eu já havia deixado claro que a primeira metade de Jessica Jones é viciante, poderosa e completamente imersa no suspense investigativo. Essa parte foi sobre apresentar a história, e todos os personagens ligados a ela de uma forma que não deixou o show cair na monotonia ou no mais do mesmo. Não houve explicações sobre como a heroína conseguiu seus poderes, ou flashbacks sobre o passado do grande vilão. Com isso, era perceptível em certos pontos que os roteiristas estavam traçando as linhas centrais com cuidado, mostrando as nuances de Jessica um pouco aqui, e até a grandiosidade de Kilgrave ali. Foi inteligente.

Digo sinceramente que fiquei receoso com a espera da segunda parte do show. E se todo o cuidado fosse deixado para trás? E se os episódios seguintes fossem cheios de flashbacks a ponto de me deixar cansado? Mas principalmente, e se os personagens se perdessem no caminho e Jessica acabasse sendo menos fodástica, e Kilgrave um vilão sem o esplendor conquistado? Sim, eu estava errado, mas vamos por partes para que vocês entendam o cuidado minimalista que foi usado nessa série.

Os flashbacks começam a ser mais explorados a partir do episódio oito, tanto para mostrar o passado de Kilgrave quanto o de Jessica. Eles são realmente curtos, inseridos nos momentos adequados para ter um real significado e não parecer apenas com uma coisa estranha colocada ali do nada. Também é a partir desse episódio que ambos passam algum tempo juntos, onde pode ser observado o quanto eles tem uma química estranhamente gostosa de se observar. Krysten e David encarnam seus personagens de forma singular, proporcionando ao seu público momentos de reviravoltas incríveis e atuações memoráveis.

Como Luke não está presente em alguns episódios da segunda parte da temporada (mas isso não acontece do nada, fiquem tranquilos, há um motivo), essa e a chance para observarmos a dinâmica entre Jessica e os personagens secundários. Os roteiristas souberam explorar as histórias secundárias, fazendo com que gerasse ainda mais expectativa, e também respostas para serem respondidas em uma futura segunda temporada. Infelizmente (mas isso não tira o poder do show) o Demolidor não apareceu, mas ele é citado quando Rosario Dawson (Claire Temple) faz uma breve, e importante aparição. No entanto, há ainda mais mortes, personagens mostrando a face que esteve escondida, um pouco de drama familiar recheado com o sadismo nato do vilão e muitos pontos altos onde torna-se difícil manter-se quieto enquanto Jessica mostra sua força feminina e o quão majestosa ela é.

A série termina de uma forma digna e não deixa nada da narrativa principal em aberto. Como citei acima, são as histórias secundárias que vão acabar impulsionando um próximo ano para o show e sua continuidade através dos títulos protagonizados por outros personagens. Jessica Jones tem um roteiro bem escrito, uma direção que sabe exatamente quais pontos fortes devem ser explorados, interpretações dignas de reconhecimento e o humor característico da Marvel, mas com a essência sombria da protagonista marcando presença constantemente. Personagens, argumentos, cenários, tudo foi bem dosado, sem tempo de tela excedente. É uma série que você termina de assistir hoje, mas provavelmente em poucos dias vai querer rever.