Acreditando que seu irmão mais velho Ben, foi o responsável pelos assassinatos, Libby passou a viver sem rumo, uma vida paralisada pelo tempo, sem amigos, família, e trabalho, vivendo apenas das doações generosas de pessoas distantes que se compadeciam de sua história. Mas os dias de doações terminaram, sua conta está quase no fim, e é quando Libby conhece Lyle e o seu grupo de pessoas do Kill Club, todos obcecados em descobrir a verdade por trás de assassinatos violentos. Essas pessoas duvidam que Ben tenham cometido os crimes, há provas que indicam a presença de outra pessoa na casa naquela noite, e Libby não pode deixar de se fazer algumas perguntas. Será mesmo que ela viu o que diz ter visto?
Como já disse anteriormente, a sinopse desse livro o vende sozinha. Cria no leitor grandes curiosidades e expectativas quanto ao desenrolar da história e sobre o que realmente aconteceu durante o massacre na fazenda. Durante a leitura, vemos os fatos por três pontos de vistas diferentes: O de Libby nos dias atuais indo atrás de respostas; e o de Patty (mãe da garota) e o de Ben, no dia dos assassinatos. Passamos então a conhecer três personagens com características similares, mas com essências totalmente diferentes. Engana-se quem pensa que durante a leitura irá encontrar pessoas boas e legais. O que temos são páginas recheadas de atitudes mesquinhas e egoístas que causa repugnância em quem está lendo. Pessoas reais acomodadas, irritantes e com muitas falhas.
A narrativa da autora nesse livro, diferentemente da experiência anterior que eu tive, é dispensavelmente detalhista e lenta. Isso poderia ser compreensível no início, mas continua assim até o final, o que me causou uma sensação de que a história caminhava e não saia do lugar. O enredo não se perde em momento algum; existem algumas pequenas reviravoltas, mas eu estava esperando por muito mais surpresas, aquelas que me deixassem de queixo caído, ao invés de uma série de maus entendidos que culminaram em um clímax que no meu ponto de vista foi fraco.
No entanto, a leitura não foi perda de tempo e eu não a classificaria como ruim. Há temas nessa história que irá lhe causar repulsa e que fará qualquer leitor refletir. Até onde você está disposto a ir para proteger aqueles que ama? O quão perigosa pode ser uma mentira contada apenas para você se tornar o centro das atenções? Além disso a escrita da autora conseguiu me prender durante a leitura mesmo nos momentos mais tediosos, e ela consegue isso fechando pequenas pontas soltas e abrindo outras logo em seguida.
Ainda quero ler vários outros livros da Gillian Flynn, mas a partir de agora irei, obviamente, com menos cede ao pote. Por mais que não tenha sido, em minha mera opinião, um livro espetacular, Lugares escuros é denso, chocante, angustiante e mostra com veracidade algumas características humanas que temos dentro de nós mesmo que não percebamos ou tentemos esconder.
