JACK REACHER: SEM RETORNO | CRÍTICA

Classificação:
Regular

jack-reacher-2-posterTom Cruise há muito tempo, passou a se dedicar exclusivamente a filmes de ação, sendo difícil de vê-lo em produções dramáticas. Não por ser um ator ruim (como alguns gostam de tachar), mas por esta evidente ser sua paixão. E, na pele de Ethan Hunt da franquia Missão Impossível, protagonizou dois dos melhores filmes de ação do século, Protocolo Fantasma (2011) e Nação Secreta (2015). Não satisfeito, trouxe da literatura americana o soturno Jack Reacher, criado por Lee Child, um anti-herói moderno e que nunca tem nada a perder. Depois do sucesso mediano de O Último Tiro (2012), Cruise volta a viver o personagem, porém, o filme não corresponde muito bem a expectativa de quem é fã do gênero e do ator.

Jack Reacher (Cruise) é um ex-militar que perambula pelos Estados Unidos, apenas para aproveitar sua liberdade de fazer o que bem entender. Porém, acaba sempre se metendo em confusões com as autoridades por tentar resolver problemas que aparecem pelo caminho. Em um desses, acaba entrando em contato com a major Susan Turner (Cobie Smuders), convidando-a para jantar. Entretanto, quando vai ao seu encontro, descobre que ela está presa, acusada de vazar informações militares a inimigos. Reacher resolve investigar e acaba descobrindo que algumas coisas podem ter ligações com seu passado.

O que mais fascina o público que conhece o personagem criado por Lee Child é, com certeza, a forma como seu espírito indomado se dedica a resolver os problemas que aparecem em seu caminho, sem que siga algum estereótipo evidente de herói ou vigilante. Tudo o que faz é no improviso, na trivialidade, surpreendendo que esteja lendo. Talvez, por isso, a caracterização do personagem no cinema fosse algo mais difícil de se fazer do que o filme em si. Cruise, assim como no primeiro filme, não consegue criar uma identidade singular para Reacher, não por falta de talento, mas sim por ter sido tão icônico na pele do protagonista da franquia Missão Impossível. As comparações são inevitáveis, os trejeitos também.

Porém, esse não é o maior problema de Sem Retorno. No filme de 2012, existia uma proximidade essencial com as situações que se passam nos livros de Child, o tal improviso, a ambivalência e a direção menos exagerada de Christopher McQuarrie construíram um filme gostoso de se assistir. Aqui, Edward Zwick, bom diretor de ação, afundou a mão, introduziu mais correria, deixou tudo menos peculiar e interessante. As cenas são genéricas, daquelas que se repetem no valão dos filmes B do gênero que brotam aos montes protagonizados por “Stathams” e “Diesels” da vida.

Claro, que o filme até que tem seus méritos. Mesmo que comum, a ação é de qualidade cinematográfica que se espera de uma produção de Tom Cruise. Uma fotografia interessante, edição dinâmica e atuações convincentes. Em especial de Cobie Smulders, que vem ganhando espaço no gênero depois de viver a agente Hill no projeto Vingadores, e a jovem Danika Yarosh, que vive uma possível filha de Reacher, e se sai muito bem.

Enfim, Jack Reacher: Sem Retorno é um filme para se ver com pipoca, refrigerante e pouca expectativa de algo de nível diferenciado. Contudo, talvez haja espaço ainda para novas transposições de Jack Reacher para o cinema, já que existem muitos outros livros a se adaptar. Mas, deve-se voltar a fórmula de se manter a essência do livro, assim como foi feito em 2012. Aí, ao menos terá alguma qualidade.