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O bem. O mal. O começo. Antes do Batman, a cidade de Gotham já existia. E assim, quando o novato detetive da polícia de Gotham City, James Gordon (Ben McKenzie) – dedicado a restaurar o passado ilustre e decente da metrópole agora assolada pelo crime – inicia suas investigações no caso de um duplo homicídio de um casal de socialites, ele promete ao herdeiro e único filho deles, o abalado Bruce Wayne, que ele encontrará o assassino. A partir de então, essa é uma obrigação e uma obsessão que lhe custará caro, fazendo com que ele mergulhe no obscuro mundo de crimes da sua cidade. No caminho, a trama vai mostrando rostos conhecidos na mitologia do Batman e revelando sinistras camadas de corrupção que secretamente comandam o local, abrindo terreno para os vilões mais icônicos do mundo.
Ver uma leitura original de certos títulos também pode ser interessante. E olha, Gotham mostra exatamente isso ao público desde o seu primeiro momento. O projeto não apenas pega o que está nas páginas e leva para a tela, mas faz uma mistura entre o adaptado e o original, conseguindo assim extrair algumas surpresas interessantes. O Alfred, por exemplo, lembra também aquele personagem que pode ser visto no Ano 1. Enquanto isso, Oswald Cobblepot, conhecido como o Pinguim, está longe de ser aquele cara baixinho e gordo visto em muitas versões envolvendo o Cavaleiro das Trevas. É uma coisa é certa: para acompanhar uma produção assim, você deve ter a mente aberta e não esperar apenas fidelidades.
Saindo de tal ponto, a trama consegue seguir com seus aspectos originais para ir apresentando os personagens e chama atenção por isso. Aqui, de uma forma diferente, o espectador consegue acompanhar a origem de alguns personagens tão enigmáticos. O roteiro e sua narrativa funcionam muito bem para isso, independente se o nome em questão é um vilão, corrupto ou mocinho. Enquanto isso, a produção inteira ainda entrega uma obra de qualidade, sabendo medir o antigo com o novo, deixando o projeto sem uma data de passado ou presente, já que em certos pontos carros mais antigos podem ser observados, enquanto os celulares já marcam presença na tela. Sem data, este era o desejo claro dos envolvidos por trás das câmeras.
Com isso, após observar tantos detalhes envolvendo os aspectos técnicos e roteiro, outro ainda merece destaque: o elenco. Misturando atores conhecidos por trabalhos de renomes juvenis ou mais adultos, o programa apresenta uma composição de qualidade. Ben McKenzie, por exemplo, inicialmente lembra muito o Ryan de The O.C., por ter marcado sua carreira, mas logo você esquece de tal comparação por conta da sua evolução como James Gordon. E ali você começa a encontrar o comissário, ainda detetive e no seu início de carreira. Contudo, a verdade é que outro nome chama muito mais atenção neste arco do programa. Sim, trata-se de Donal Logue. Carismático e muito talentoso, o intérprete de Harvey Bullock, parceiro de Gordon, logo passa de um corrupto para um verdadeiro amigo do protagonista e ganha muito destaque em diversas situações.
Além disso, obviamente, os intérpretes dos vilões também ganham um certo espaço. Para começar, a personagem Fish Mooney, criada para o programa e interpretada por Jada Pinkett Smith, chama muita atenção desde as primeiras cenas e ganha destaque. Por sua vez, entre outros nomes que merecem um grande destaque por suas atuações são os atores Robin Lord Taylor e Cory Michael Smith, assim como as atrizes Carmen Bicondoca, intérprete de Selina Kyle, Erin Richards, que vive Barbara Kean, e a brasileira Morena Baccarin, responsável por viver a Dra. Leslie Thompkins. Além disso, muitos outros vão surgindo ao longos dos episódios, como os intérpretes de personagens como Harvey Dent e Jerome, as versões mais novas do Duas-Caras e Coringa. Porém, eles devem ganhar um destaque maior apenas no segundo ano do título.
A verdade é que com um elenco tão grande e um mundo tão vasto para ser explorado, por vezes a série acaba se complicando por querer introduzir muitos personagens. Ainda assim, é interessante ver como o roteiro acaba conseguindo se sustentar deixando Bruce Wayne, com uma interpretação crescente e intensa de David Mazouz, de lado em certos momentos. Ou seja, a rápida expansão acaba servindo para o lado bom e ruim.
Entre os pontos positivos, vale ressaltar que ao final do ano diversos nomes estão estabelecidos e isso deve fazer com que a 2ª temporada funcione ainda melhor. Enquanto isso, o mais negativo é o formato de casos semanais, já que o projeto ficaria muito mais interessante ao abandonar casos semanais e passar a investir em arcos. Ainda assim, com esses muitos elementos e mesmo com tantas desconfianças iniciais, Bruno Heller conseguiu mostrar que Gotham tem muito o que ser explorado, sempre recheado de surpresas e reviravoltas que podem ditar o seu ritmo e o caminho da cidade.
