DRAGON QUEST HEROES II | Mais do mesmo, mas um mesmo bom

Quando Dragon Quest Heroes II foi anunciado para o ocidente, eu havia acabado de terminar o primeiro jogo da série. Comecei a jogar DQ ainda na infância, quando descobri que o criador de Dragon Ball, Akira Toriyama, também é o character design da série – o mesmo já havia acontecido com o excelente Chrono Trigger.

De lá pra cá, joguei alguns Dragon Quests em emuladores, mas foi com o Dragon Quest VIII: Journey of the Cursed King, no PS2, que me apaixonei de vez pelos simpáticos slimes, “monstros” característicos da série. Eis que, quando recebi a missão de testar e avaliar Dragon Quest Heroes II, tinha uma mais uma tarefa enorme pela frente: deixar de lado o lado de fã e analisar como crítico. Minha opinião você confere agora, em mais uma crítica do Jornada Geek!

Uma história de mistérios

A trama gira em torno de dois protagonistas, primos e estudantes da academia militar, Lazarel e Teresa. No início do jogo, você vai escolher qual deles vai comandar, enquanto o outro se tornará seu fiel parceiro. Healix, o simpático slime do primeiro jogo, também é seu companheiro aqui.

Diferentemente do primeiro Dragon Quest Heroes, onde o vilão do jogo dá a cara logo nos primeiros minutos, no segundo a história é diferente. Aqui, monstros e humanos não vivem em harmonia como no mundo do título inaugural e foram induzidos à lutarem contra nós. Apesar dos Sete Reinos viverem por quase um milênio em paz, algo desandou e fez com que dois destes reinos se atacassem. Aliás, é bom lembrar que não é necessário ter jogado o primeiro para entender o segundo, visto que são histórias, personagens e mundos diferentes. Para tentar restaurar a paz, cabe à você intervir, encontrar e derrotar os culpados pela guerra.

É uma narrativa de Dragon Quest, então, tem toda aquela trama de magias, reis, traições e reviravoltas. É boa, como esperado, e te dá um bom pretexto para sair dando porradas aos montes em vários monstros por aí…

Dragon Quest Heroes II
Foto: Divulgação

“Vários mundos”, um jogo

Não, Dragon Quest Heroes II não tem mais de um mundo. Mas é como se fosse, visto que temos personagens clássicos de diversos episódios da série participando do game. Ao todo, são 15 heróis jogáveis, com habilidades diferentes e que lhe dão uma enorme possibilidade de combinação na equipe, variando entre força bruta, magias e ataques à distância.

Mas não é só de outros personagens que o jogo se garante. Ao contrário do primeiro jogo, onde a locomoção era feita por meio de um dirigível, aqui você está em um “mundo aberto” – com excelentes habilidades de teletransporte pelos cenários através do Zoom, uma magia ativável logo na primeira hora. Outra coisa notável é que você vai ganhando permissão para avançar para os próximos locais de missão, a medida que avança no game.

Algo que também mudou muito em relação ao primeiro são as zonas neutras, onde é possível andar pelo mapa sem ser incomodado pelos monstrinhos, desde que mantenha-se uma certa distância. É uma alteração legal, que deu ao jogo mais cara de RPG.

Por outro lado, a KOEI Tecmo e a Square Enix pecaram em alguns pontos. As magias, em sua imensa maioria, são iguais às do primeiro jogo. Personagens novos poderiam ter poderes diferentes de Inferno Slash e Cold Fusion. De certa forma, a manutenção de diversos heróis que fizeram parte do primeiro também pesa contra, já que esse spin-off seria uma boa oportunidade para continuarmos revendo “velhos amigos”.

Dragon Quest Heroes II
Foto: Divulgação

Porrada, porrada…

Dragon Quest Heroes II é um hack and slash com elementos clássicos de RPGs, como subir de nível, equipar itens para melhorar o personagem, fazer combinação de magias, tudo na mais clássica pegada do gênero. Temos, na cidade, várias lojinhas vendendo armas, escudos, orbs e acessórios. Sempre que você avança na história, vale a pena dar uma conferida nelas, já que coincidentemente acabou de chegar mercadoria. As mecânicas de combate são eficientes e funcionam, trazendo golpes, magias e combos de três dígitos destroçando monstrinhos por aí. Sua equipe é composta por quatro dos quinze heróis jogáveis.

Uma novidade inclusa no título é a possibilidade de escolher entre cinco classes dos heróis, de acordo com a vocação do jogador: guerreiro (padrão), artista marcial, mago, gladiador e sábio. Todas elas são desbloqueadas realizando missões específicas e são aplicáveis apenas para Lazarel e Teresa.

Nas chamadas War Zones do jogo, os inimigos aparecem em hordas. É bem o estilo de Dynasty Warriors, pra quem já tá acostumado, que já surgiu no primeiro jogo. As inovações passaram pelos bosses, que ficam espalhados pelo próprio mapa e, quando chega a hora de enfrentá-los, somos conduzidos à batalha, além dos tag-teamed combos, um forte golpe utilizado por dois heróis que arranca um bom dano dos adversários.

Dragon Quest Heroes II
Foto: Divulgação

Além da história principal, Dragon Quest Heroes II conta com variadas missões paralelas, que incluem desde matar determinado números de monstros, até salvar alguém, ou encontrar alguns itens. Elas servem para ganhar muito XP, dinheiro e itens valiosos no caminho.

RPG com Multiplayer

Sim, temos um Dragon Quest com multiplayer! O modo é totalmente cooperativo, e pode ser usado tanto para auxílio nas missões da história, quanto em missões secundárias específicas, chamadas de Dimensional Dungeons.

Ele não é nativo e deve ser “ativado” no decorrer da história. Mas não há dificuldade alguma nisso, visto que o próprio gameplay te leva até o local onde começamos a procurar companheiros de jornada. Jogando online, é possível ir com qualquer um dos quinze heróis do jogo.

Dragon Quest Heroes II
Foto: Divulgação

Audiovisual magnífico

Graficamente, Dragon Quest Heroes II não deixa nada a desejar. Com gráficos de anime, o título apresenta personagens e cenários bem construídos, sem bugs e com boas e variadas animações. O level design tá muito legal, com mapas bem detalhados.

Já a parte sonora é pura nostalgia. Além das clássicas músicas da série, a KOEI Tecmo e a Square Enix criaram boas e empolgantes trilhas para o jogo, levando as emoções dos personagens para o jogador. Bem legal!

No entanto, destaco, mais uma vez, a ausência de localização para o nosso idioma, já que o jogo não conta, sequer, com legendas em português.

Dragon Quest Heroes II
Foto: Divulgação

Veredito

Dragon Quest Heroes II é um título feito com muito cuidado e que transborda nostalgia e diversão. Com personagens carismáticos e clássicos, não é difícil se ver por horas na frente da tela curtindo um jogo com elementos muito positivos: história bacana, gráficos bem elaborados, música boa, multiplayer e muitas coisas para fazer. Peca por termos poucos personagens clássicos e magias repetitivas, mas usa uma fórmula que deu certo, e que foi bem aprimorada desta vez.

O jogo está a venda para PlayStation 4 por R$ 249,99 e para Windows, via Steam, por R$ 159,99. O título está com média de 78 pontos no Metacritic.

Nota ótimo

 *Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem PS4, PSVR e PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, Red Dead Redemption 2 e The Last of Us completam o Top-5.