007 CONTRA SPECTRE | CRÍTICA

Classificação:
Bom

007 contra spectre posterDesde que assumiu o posto de agente 007 em Cassino Royale, em 2006, Daniel Craig se tornou um dos melhores James Bond que já passaram pela franquia. Depois de anunciar que deixaria o posto depois de 007 Contra Spectre, a ansiedade tomou conta dos fãs, ainda mais quando o buzz cresceu, com especulações de uma produção na casa das centenas de milhões. O certo é que, depois do grande sucesso do excelente 007 – Operação Skyfall, este novo filme teria muitos ingredientes para se tornar um dos melhores de todos, mas também, teria peso o suficiente para decepcionar um público mais exigente.

James Bond (Daniel Craig) vai ao México em uma missão não autorizada para eliminar Marco Sciarra (Alessandro Cremona). Ao saber do ato, seu superior M (Ralph Fiennes) é obrigado a lhe punir, dando-lhe uma suspensão, e para que eles não tenham mais surpresas como esta, (Ben Whirshaw) coloca em seu sangue uma espécie de rastreador. Porém, quando uma organização secreta, conhecida como Spectre, é o alvo de sua investigação, seus amigos voltarão atrás para lhe ajudar a resolver este mistério.

Um fato é bem claro na franquia 007 deste que Daniel Craig assumiu o posto de James Bond: os filmes ficaram mais humanos, e o astro conseguiu trazer um teor dramático intimista, realista e homogêneo. Não há uma caricatura (tal qual fez Pierce Brosnan), mas sim um homem de verdade, altamente treinado, mas suscetível a todas as intempéries psicológicas que homens “comuns” sofrem. Pois bem, neste novo longa o que temos é uma manutenção do tom melancólico de Skyfall, com o passado obscuro ainda controlando alguns atos do agente.

Porém, o roteiro assinado por um grupo de roteiristas, parece não conseguir equilibrar os dois lados da balança que compõe o filme. Ao contrário do que vimos no longa anterior, aqui não tem nenhuma situação que surpreenda, pois, aqui encontramos o sistema consagrado com as sequências de ação, as “Bond Girls”, as tiradas eloquentes do herói, tudo muito batido e esperado. Parece crueldade comparar os dois filmes, já que um era uma espécie de “presente de aniversário” de 50 anos, mas, esperava-se que o fluxo narrativo intenso que elevou o Skyfaal a uma obra cinematográfica de qualidade fosse mantida.

Não se pode, todavia, reclamar da parte que diz respeito a ação. O filme apresenta sequências bem trabalhadas, que primam mais pela inteligência de Bond do que a força. Sam Mendes dirige com precisão, mantendo a mesma fórmula que deu certo três anos antes, contudo, devido à falta de um conteúdo mais forte e tocante, o filme passar a seguir um caminho “viciado”, como se estivesse em um piloto automático, o que produz, em certas sequências, uma incômoda sensação de déjà vu.

Em sua despedida, Daniel Craig vence as críticas por sua falta de carisma e consegue entregar um James Bond de alto nível. Pode não ter se tornado tão icônico quanto Sean Connery, mas deu ao agente uma característica que o marcará no papel, deu vida, o tornou humano. O restante do elenco conseguiu dar conta do recado, e Christoph Waltz se saiu bem no papel do antagonista, ainda que seu personagem dá claros sinais que poderia ter sido melhor explorado durante o filme.

Pois bem, o que ficou óbvio é que 007 Contra Spectre não conseguiu se aproximar do nível de excelência que a franquia alcançou com Skyfall, seja pela falta de coesão do roteiro, falta da Judi Dench ou do Javier Bardem. Mas, ainda assim, conseguiu fechar esta “fase Craig” em bom nível. Se não é uma obra cinematográfica de cunho artístico, é uma peça de ação bem acima da média, e que, provavelmente, irá deixar os fãs com saudades.